Hoje, dia 25 de março, celebramos a solenidade da Anunciação do Senhor. Estamos no fim do tempo quaresmal, aproximando-nos da Semana Santa e a Santa Mãe Igreja nos propõe essa tão bela solenidade a fim de nos prepararmos melhor para o mistério Pascal de Cristo. E, por mais que pareça controverso ter uma solenidade na semana das dores, é providencial celebrar a Anunciação nesse tempo preparatório para Páscoa.
No evangelho de hoje[1], São Lucas narra a visita do arcanjo Gabriel a Virgem Maria, e o anúncio de que ela, “serva do Senhor”[2], seria a Mãe de Deus Encarnado. Essa cena, por demais maravilhosa, enche-nos de alegria, ao contemplar a pureza, a confiança em Deus e a fé de Nossa Senhora.
Nossa Senhora ao receber o anjo, e o evangelista deixa isso bem claro, não se perturba pela sua presença, mas sim pelas suas palavras. Afinal, para um enviado de Deus saudar como “cheia de graça e o Senhor está contigo[3]” e também a reverência que o anjo prestou-lhe curvando-se a fez inquietar-se. Ela, como uma piedosa judia, esperava o Messias e rezava pela sua vinda, no entanto, não imaginava que seria mãe do Emanuel.
Esse espanto inicial, entretanto, não foi de modo algum paralisador, mas oportunidade para se lançar nos planos de Deus e confiar n’Ele, uma ação comum a nossa Santíssima Mãe. Ela não teme a sua missão, mas se entrega totalmente a Deus. Suas perguntas ao anjo não mostram dúvidas, contudo destaca o seu querer em fazer mais perfeitamente a Vontade de Deus.
Toda essa confiança, fé e prontidão em dar a resposta a Deus não se deu de forma irracional e levada pelo calor do momento, porém, vem da entrega diária que ela realizava, de sua devoção, confiança e amor a Deus sobre todas as coisas. Maria, por isso, é chamada de “cheia de graça”, porque sempre soube amar a Deus sobre todas as coisas.
Nós não temos as mesmas disposições de Nossa Senhora, não obstante, podemos nos exercitar a cada dia em dar a nossa resposta de amor a Deus como: fazendo bem as pequenas tarefas de nosso dia-a-dia, recebendo sem murmurar os pequenos ou grandes contragostos; assim teremos a possibilidade de oferecer a Deus estes pequenos sacrifícios e aos poucos veremos em nós a mudança que Ele realiza, levando-nos cada vez estar mais perto de sua presença.
Esses “pequenos oferecimentos diários”, que podem se multiplicar diariamente, ajudarão a nos aproximar mais de Deus e de Nossa Mãe. Ela que vivia o ordinário amando a Deus sobre todas as coisas, também o soube fazer nas grandes coisas. Desta maneira, conseguiremos nos santificar paulatinamente se nos entregarmos sem reservas a Deus.
Diante do fato de que essa solenidade está próxima da Semana Santa e do Tríduo Pascal somos convidados a nos recordar de que foi o “sim” de Maria o começo do Evangelho, ou seja, da Boa Nova. Por meio da Anunciação, Cristo, segunda pessoa da Santíssima Trindade, se fez carne e habitou entre nós. Assim, como que para nos preparar para a ressureição, a Igreja nos lembra do início de todo o mistério de Cristo e nos propõe esta solenidade.
Também, hoje, podemos olhar para a presença de Maria na vida de Cristo. Da anunciação até a cruz e a ressureição, Nossa Senhora esteve sempre presente. Olhava, amava e se entregava para seu Filho. Ela, como nenhuma outra pessoa, merece e recebe o título de Bem-Aventurada, por que foi aquela que melhor, entre todos nós, soube ouvir e fazer a Vontade de Deus.
Que os infortúnios da caminhada, o passar dos dias, as ondas turbulentas de nosso tempo, os desastres mundiais e a desistências dos outros não nos derrubem do caminho das pequenas ofertas. “Aquele que perseverar até o fim será salvo”[4], nos diz o próprio Mestre e por isso vos exorto a não temer, pois temos uma Mãe, que constantemente nos fortalece e intercede por nós junto a seu Filho.
Nesses tempos sombrios que passamos, roguemos a Nossa Mãezinha que esteja junto de cada um de nós. Faça-nos viver e entender a vontade de Deus sem nunca deixar de nos socorrer em nossas necessidades. Irmãos, lembremo-nos de que não estamos sozinhos e que podemos confiar naquela que plenamente confiou em Deus.
Que Maria Santíssima interceda por cada um de nós em nossas necessidades e nos guie pelo caminho mais seguro para fazer a vontade de Deus. Que seu Imaculado Coração nos proteja de todos os males da alma e do corpo.
Unidos no Coração de Maria e no Amor de Cristo; Mãezinha, que nunca não nos cansemos de implorar o vosso favor.
[1] Lucas 1, 26-38. [2] Lucas 1, 38. [3] Lucas 1, 28. [4] Mateus 24, 13.
Wilgner Batista Picolo, 3º ano do discipulado