Movido pelo Espírito Santo, São Francisco aspirava, ao criar o primeiro Presépio, tornar vivo o Evangelho, fazer com que aquilo que antes era apenas retratado em mosaicos e pinturas pudesse ser sentido e tocado pelas nossas próprias mãos, bem como revelar “um apelo para O seguirmos pelo caminho da humildade, da pobreza, do despojamento, que parte da manjedoura de Belém e leva até à Cruz”.[1].
E diante dessa grandiosa realidade, podemos nos perguntar: Por que Deus faria isso? Simplesmente por amor a nós. Diante da noite escura que encontrávamos, “Deus não nos deixa sozinhos, mas faz-Se presente para dar resposta às questões decisivas sobre o sentido da nossa existência: Quem sou eu? Donde venho? Por que nasci neste tempo? Por que amo? Por que sofro? Por que hei de morrer? Foi para dar uma resposta a estas questões que Deus Se fez homem”.[2]
Deus começa a responder tais perguntas ao se encarnar, ao se tornar uma criança frágil, ao mostrar para todos sinais do caminho que se deve seguir. Sendo Deus, se encarna como homem e a partir deste ato de humildade nos ensina a nos reconhecer como criaturas, mais ainda, como filhos de Deus, irmãos de Jesus, revela-nos a nossa dependência a sua graça e a sua misericórdia, pois aquele que criou céu e terra agora se encontra em nosso meio, através da fragilidade, da vulnerabilidade, próprias de uma criança.
Ao se encarnar, não escolhe as coisas luxuosas e muitas vezes desnecessárias, mas escolhe a pobreza, prefere a manjedoura, os animais, uma gruta fria. Assim nos mostra o caminho da pobreza, revela-nos que não é necessário riquezas para sermos felizes, pois esta não é ligada as coisas materiais, mas a verdadeira felicidade é nos dada por Deus através do amor, e qual melhor forma de amarmos do que nos desprendermos dos bens terrenos e nos dedicarmos a nossa salvação e a do próximo?
E aqui entramos no último ponto de reflexão, que é a escolha de Deus em nascer em uma família. Desde a criação Deus havia pensado na família e por meio da escolha de nascer em uma, eleva a importância do nosso papai, da nossa mamãe, de nossos irmãos, nas figuras de José, Maria e Jesus. Cristo assume assim de forma integral a natureza humana, onde a família é parte constitutiva, necessária, e que mesmo com todas dificuldades, perseguições, por meio dela Jesus encontrará segurança para se desenvolver, humanamente e espiritualmente, de acordo com a vontade de Deus.
Ó, quanta alegria ao nos depararmos com um Presépio, saber que o “Verbo se fez carne, e habitou entre nós”, (Jo 1, 14) e assim brilhou no mundo como uma pequena criança. “Assim Se nos apresenta Deus, num menino, para fazer-Se acolher nos nossos braços. Naquela fraqueza e fragilidade, esconde o seu poder que tudo cria e transforma”.[3]. É sempre uma alegria encontrar um presépio e perceber o que o amor é capaz de fazer, perceber naqueles sinais os caminhos que devo seguir para amar como Cristo amou, para ser como Jesus quer que eu seja.
Que neste Natal, Jesus menino possa criar em nossos corações um verdadeiro Presépio, onde seja visível cada dia mais os sinais de seu amor em nossa vida concreta, e que possamos sempre lembrar que o que importa não são as coisas que iremos nos alimentar, as roupas que iremos usar, o que iremos ganhar, mas sim o amor e a união de nossa família, para que celebremos este natal como o que realmente o que é, o nascimento de nosso Salvador, o Emanuel. Deus nasceu e sempre está conosco, sê feliz e viva o Evangelho! Feliz Natal!
Gustavo Leite, 1º ano do Discipulado.
[1] FRANCISCO, Papa. Carta Apostólica Admirabile Signum (Sobre o significado e valor do Presépio). Dado em Gréccio, no Santuário do Presépio, a 1 de dezembro de 2019.
[2] Ibidem.
[3] Ibidem.