Maria, minha Mãe, Maria!

Em todo começo de ano somos convidados pela liturgia da Igreja a vivenciarmos a solenidade de Santa Maria Mãe de Deus. Contudo, apesar desta grande data, coincidem-se outras “duas comemorações” que ofuscam o imaginário popular diante de tão grande memória: o Ano Novo e o Dia Mundial da Paz. Não gostaria, nesta breve explanação, de apresentar um tratado histórico e catequético sobre a solenidade, que serão com certeza apresentadas nas homilias de hoje nos púlpitos de nossas igrejas, gostaria, ao contrário, de expor uma breve meditação (quase uma oração ou uma simples reflexão) a ela que merece todos nossos louvores.  

Primeiramente, gostaria de alertar aos cristãos católicos sobre a necessidade de não distrairmos desta ocasião. Sim, Maria é a Mãe de Deus como atesta largamente as Escrituras e a Tradição da Igreja, o dia primeiro de janeiro é d’Ela. Às vezes percebemos uma certa intenção, não tão reta assim, de grandes instituições que tentam constantemente ofuscar as grandes datas católicas em nosso calendário secular (que por sinal é também católico, de Gregório XIII). O Ano Novo que é uma data especial a ser celebrada, bem como o Dia Mundial da Paz, paz esta que é objeto constante das orações do Papa Francisco, não podem nem devem ofuscar o maior espetáculo do dia: a Maternidade Divina de Maria. Pois a Graça vale mais que toda a criação (São Tomás de Aquino), “de que valeríamos viver, se não tivéssemos sido resgatados.” (Hino Exultet). Resgate que repousou na mãos dessa generosíssima Senhora. 

 Conforme as preces da Liturgia do Comum de Nossa Senhora do Sábado que diz: “Sol de Justiça [Jesus], a quem a Virgem Imaculada precedeu como aurora resplandecente” diz e comunica muito o papel desta terna mãe em nossa vida. A Virgem a muito venerada pela literatura, pelos grandes teólogos e até por filósofos gosta de ser encontrada pelos humildes e simples, onde seu grande ofício está “na boca dos mais pequeninos, de crianças que a mãe amamenta” (Sl 8, 3), nas simples ave-marias feitas com confiança e abandono. Eis a espiritualidade mariana, ela que não é o magno Sol da Justiça apresenta-se à humanidade como a simples aurora resplandecente, que branda e misericordiosa, participa da luminosidade deste Sol (cf. Ap 12, 1-2).  

  Santo Agostinho não pestanejou em afirmar que “Não existe nenhum santo que não foi devoto de Nossa Senhora”, em tempos difíceis e de confusão em todas as dimensões da humanidade temos em Maria o porto seguro, o livramento diante das dificuldades, pois ela sempre foi a guia e a guarda diante das heresias que assolaram os terrenos da Igreja; guardou-nos nas terríveis guerras (vide batalha de Lepanto e suas aparições em Fátima em 1917 durante a 1a Guerra Mundial); e sempre acompanha os pequenos em situação de dificuldade, todo cristão de origem modesta possui em seu imaginário muitas histórias de seu auxílio.  

Maria em seu Magnificat anuncia: “Derrubou os poderosos de seus tronos e os humildes exaltou” (Lc 1, 52) que ela nos ajude a derrubar de “nossos tronos”, aqueles que ocupam o lugar do “Poderoso que faz maravilhas”, derrubar até nós mesmos dos tronos que edificamos em nossos corações, pois aquele que “vê a pequenez de seus servos” e “sacia os famintos” quer ser entronizado por ela em nosso coração. A humildade dessa Augustíssima Mãe nos constrange, pois ela, que foi toda agraciada por méritos ímpares (Imaculada Conceição, Maternidade Divina, Virgindade Perpétua) se coloca como a menor de todas, por exemplo: indo à Judéia auxiliar Isabel; em seu já supracitado Magnificat, insiste em sempre tirar-se do centro e colocar Deus; em Caná, antecipa os noivos carentes de vinho. Enfim, eis a lógica do pequeno Lar de Nazaré: aquele que tem muito seja generoso em despojar tudo. 

Que nesse início do ano de 2023 possamos nos comprometer em perfazer com Nossa Senhora todo este tempo. De forma que, de mãos dadas como uma pequena criança, que aprende imitando a mãe, no serviço aos outros, na contemplação do Mistério e no Amor a Jesus cheguemos no fim do ano que vem impregnados pelo perfume de Maria.  

À Bento XVI, fiel servo de Jesus.

Fernando Justino Rodrigues Filho, 2º ano do Discipulado.

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